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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cidades serão grande desafio do Brasil na sustentabilidade

Fonte: Exame.com

"Corremos o risco de conseguir sustentabilidade na agricultura e ter uma grande dificuldade com a estrutura de cidades como o Rio ou SP", diz secretário


Rodrigo Soldon/Wikimedia Commons
Marina da Glória, no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente
deficiente em 93% dos bairros, acrescentou secretário


Rio de Janeiro – O maior desafio do Brasil na área da sustentabilidade envolve a adequação das grandes cidades, disse hoje (24) o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, que participou de encontro da Rede Global de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

"A parte mais difícil para o Brasil se tornar uma potência ambiental é a questão da cidade. Corremos o risco de conseguir sustentabilidade na agricultura e em outros setores e ter uma grande dificuldade com a estrutura de cidades como o Rio ou São Paulo", ressaltou Nobre.

Para ele, as cidades serão um desafio também no que diz respeito ao impacto das mudanças climáticas.

O encontro foi na sede da Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável e tratou da capacidade das cidades de resistirem a desastres futuros que possam ser intensificados pelas mudanças no clima, de oportunidades econômicas e da biodiversidade, considerada uma vantagem do Rio.

O professor Paulo Gusmão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a necessidade de investimentos estruturantes, que têm sido feitos na região metropolitana, como os polos industriais de Itaguaí e Itaboraí.

Como 10,3% do território da capital, essas áreas têm menos de 10 metros de altitude e podem ser mais sujeitas a inundações, com chuvas mais fortes ou níveis mais altos dos mares. Bairros das zonas oeste e norte, às margens das baías de Guanabara e de Sepetiba, e as lagoas da Barra da Tijuca também poderiam ser afetados ao menos em um cenário crítico, disse ele. 

De acordo com Gusmão, as cidades da região metropolitana são díspares quando o assunto é a base de dados, e alguns municípios sofrem com a falta de servidores especializados que permaneçam nos postos para dar continuidade às políticas públicas: "A municipalidade precisa de equipes permanentes, e não de profissionais de passagem", afirmou.

Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas, Fábio Scarano disse que, quanto à biodiversidade, a região metropolitana está bem posicionada, por já ter 16% do território protegido em reservas ambientais, enquanto a meta global é atingir 17% até 2020.

O Guandu é responsável por 80% do abastecimento do Rio de Janeiro e recebe águas já contaminadas do Paraíba do Sul, problema cuja solução, segundo Sacarano, precisaria de uma articulação com São Paulo.

O Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou

Sobre a economia, o diretor da Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, disse que a cidade precisa aproveitar o momento, não deixar que ele passe, para evitar novas distorções. "O Rio está passando por um novo ciclo de investimentos, como aqueles que a cidade só viveu de 50 em 50 anos.

Para a pesquisadora norte-americana Cynthia Rosenzweig, do Nasa Goddard Institute for Space Studies, o futuro reserva um papel de liderança às metrópoles.

"As cidades devem liderar a busca por sustentabilidade. Elas se conectam em vários fluxos, mas o que pode ser feito para que assumam essa posição? É preciso criar um sistema que ajude as cidades como um todo, com mais financiamento à pesquisa e soluções implementáveis", afirmou.

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