Fonte: O Globo
Empresas fazem uma ponte entre quem constrói e certificadores
RIO - Leed, Breeam, Aqua-HQE, DGNB. Parece uma sopa de letrinhas, mas um número cada vez maior de empreendimentos, em especial os comerciais, procuram profissionais que os ajudem a conquistá-las. Afinal, as siglas são, na verdade, importantes certificações que garantem a sustentabilidade de uma construção.
E por trás delas estão as consultorias. Não há uma obrigação de contratá-las para conseguir os selos, mas o fato é que elas facilitam, e muito, a vida de quem quer ser sustentável, já que conhecem melhor do que ninguém as exigências de cada certificação, os melhores materiais, as práticas corretas.
— É que cada selo tem suas especificidades. O Leed, por exemplo, tem 69 recomendações, nem todas são obrigatórias, cabe ao construtor definir o que vai querer dentro da meta que quer alcançar, e o Aqua tem quatro categorias e outros tantos itens dentro de cada uma — explica Marcos Casado, diretor técnico da Sustentech, uma dessas consultorias, que trabalha ainda com o selo inglês Breeam e o alemão DGNB, recém-chegado ao mercado brasileiro.
A consultoria é iniciada, na verdade, pelo diagnóstico e avaliação das condições da construção ou área urbana em que será inserida. A partir daí, serão apresentadas soluções viáveis, sempre de acordo com o orçamento e prazo determinados pelo cliente.
Um erro muito comum, aliás, é procurar a consultoria após ter o projeto de arquitetura já pronto. O ideal é que consultores, arquitetos e engenheiros trabalhem juntos desde o primeiro momento para avaliar a viabilidade do projeto, traçar metas de sustentabilidade e, assim, definir o projeto, os materiais a serem usados e até o mesmo funcionamento do canteiro de obras. Afinal, os selos avaliam também a gestão da obra e de seus resíduos.
No geral, diz a arquiteta Rosana Corrêa, sócia da Casa do Futuro, outra consultoria atuante no país, o mercado não considera isso. Faz o projeto que quer e depois contrata a consultoria:
— Aí, é necessário fazer uma série de adaptações que incluem, muitas vezes, usar materiais mais caros para atingir as mesmas metas. Por isso, as pessoas acham que ser sustentável encarece a obra. O que não necessariamente é verdade, se a obra é pensada sob o aspecto da sustentabilidade desde o início.
RETORNO MENSAL ENTRE 8% E 9%
Nesses casos, as obras podem ficar entre 3% a 7% mais caras que obras no mesmo padrão sem os itens sustentáveis, o que já inclui o valor cobrado pelas consultorias que costuma girar em torno de 0,5% a 1% do total da obra.
— Pode parecer muito, mas isso se paga muito rapidamente. A redução do custo operacional de uma construção sustentável gira em torno de 8% a 9% ao mês — destaca Casado.
Ainda há os custos das taxas cobradas pelas entidades certificadoras, que variam de acordo com o selo. O franco-brasileiro Aqua-HQE, por exemplo, pode custar de R$ 20 mil a R$ 300 mil, de acordo com o tamanho da obra. Já o americano Leed começa em US$ 3.900 (R$ 8.700) para obras de até 4.500 metros quadrados e chega a US$ 25.900 (R$ 57.750) para construções acima de 45 mil m², como os estádios da Copa.
Mas, nem só de selos e obras novas vive a sustentabilidade. As consultorias atuam tanto no retrofit de prédios antigos quanto em obras que não visam a uma certificação, mas buscam a redução de impactos econômicos e ambientais. E é bom que seja assim, afinal os prédios existentes são cerca de 90% das edificações das cidades, e a maioria foi construída quando ainda não se pensava na questão da sustentabilidade.
— Adaptá-los, para se tornarem construções sustentáveis, de uma só vez ou num processo de melhoria contínua e planejada, é uma solução tanto viável quanto necessária — enfatiza a arquiteta Viviane Cunha, da Viviane Cunha Associados, que oferece consultoria para quem pretende conquistar a certificação inglesa do selo Breeam.
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