> Comunicação Organizacional Verde: Países começam a debater novo acordo climático em conferência da ONU

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Países começam a debater novo acordo climático em conferência da ONU



Por Giuliana Miranda
Enviada Especial a Varsóvia

Como fazer para que países ricos e pobres, democracias e ditaduras, nações beneficiadas e pessoas prejudicadas pelo aquecimento global cheguem a um consenso sobre um novo pacto climático mundial?

A COP-19 (19ª conferência do clima da ONU), que começa hoje em Varsóvia, começa a tentar desatar esse nó, abrindo diálogos e dando os primeiros passos no debate de pontos polêmicos antes da decisão final sobre o acordo, que acontecerá em Paris daqui a dois anos e deve substituir o Protocolo de Kyoto.

Analistas consideram que uma das razões para o fracasso de um acordo abrangente na COP-15, que ocorreu cercada de expectativas e recheada de chefes de Estado em 2009 na Dinamarca, foi o fato de países e negociadores terem deixado as decisões para a última hora.

Diplomatas dizem que vão trabalhar dobrado para não deixar que isso se repita.

O fiasco de Copenhague fez com que o mundo ficasse órfão de metas abrangentes para limitar a emissão de gases-estufa. Em 2012, em Doha, houve uma tímida prorrogação do Protocolo de Kyoto, que não foi ratificado pelos EUA e não tem metas obrigatórias para a China, os dois maiores poluidores.

O acordo definitivo foi empurrado para 2015, com metas que começarão a valer a partir de 2020.
Enquanto isso, as emissões globais batem novos recordes todos os anos.

"Nós sabemos que a conferência não deve ser transformadora. A COP de Varsóvia é uma reunião intermediária, mas isso não significa que ela não seja importante, diz o embaixador Everton Lucero, chefe da divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Itamaraty.

"As discussões de Varsóvia têm de permitir que nós cheguemos a Paris [para a COP de 2015] com condições de adotarmos um acordo ambicioso e justo, respeitando responsabilidades comuns."

Polêmicas


Em uma conferência virtual com jornalistas da área ambiental, o diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, disse estar confiante nos bons resultados da cúpula.

Segundo ele, uma boa parte dos países, inclusive os ricos, estão fazendo sua parte para contribuir.
Outros assuntos, sobretudo os que envolvem financiamento, devem esquentar o encontro na fria capital polonesa. O Fundo Verde do Clima, criado para financiar medidas de mitigação e adaptação as mudanças climáticas nos países pobres, precisa ter regras mais claras. Especialmente sobre formas de financiamento e uso das verbas.

O chamado REDD+, compensação financeira pela conservação florestal, é uma das esperanças de acordo concreto. Reconhecido na COP de 2010, ele ainda precisa de regras claras para sua implementação. No ano passado, o Brasil foi acusado de travar o avanço dos diálogos por não concordar com o modelo de verificação internacional proposto.

A vertiginosa queda dos preços dos créditos de carbono é um fator que deve dificultar as negociações, uma vez que limita as projeções de lucros de muitas das ações ambientais.

A jornalista Giuliana Miranda viajou a convite da Deutsche Welle Akademie

Comentário de Comunicação Organizacional Verde


Teve início, nesta semana, a COP 19, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática. Já na página inicial da Conferência há um link sobre como estimular "negócios verdes". No nosso último comentário, observamos uma peculiaridade de mercados para negócios "verdes": exatamente porque os bens ambientais têm caráter público, falhas de mercado seriam comuns e, portanto, a transparência ativa acerca dos processos das empresas seria vital para mostrar em que medida as empresas, de fato, estão internalizando os custos de suas atividades sobre o meio ambiente. Mais que isso: talvez seja necessário que reconfiguremos nossos conceitos de mercado e de consumidor para dar conta dos produtos ambientais.

Embora sejamos tentados a  coibir o comportamento das empresas e consumidores  - e pode-se fazê-lo através de proibições muitas vezes necessárias e/ou aumento de impostos para atividades poluidoras ou afins  - tal solução não seria em princípio a ideal em uma sociedade que valoriza a liberdade de escolha. Como, então, diminuir a necessidade de coerção de forças do Estado ao comportamento individual, seja de consumidores ou de produtores? Ora, se supusermos que o mecanismo de mercado pode ser entendido como um mecanismo capaz de transportar as informações sobre as preferências e desejos dos agentes econômicos, vemos que o marketing ambiental pode ter uma função importante: ajudar a veicular informações que possam esclarecer aos agentes o valor daquilo que produzem e consomem. Deste modo, damos um passo na direção de negócios verdes onde haja uma maior simetria entre os agentes econômicos. 

Contudo, nada nos indica que tal proposta seja suficiente. Ou seja, nada impede que tenhamos um "consumismo verde", dado pelas preferências e desejos dos agentes. O que nos leva, mais uma vez, a aprofundar nossa pergunta sobre as preferências dos agentes e os mercados em que eles atuam. Continuaremos com essa indagação no próximo post...

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