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domingo, 3 de novembro de 2013

Investidores pedem que firmas de combustíveis fósseis avaliem riscos climáticos


Por Jéssica Lipinski  

Coalizão de 70 investidores, que juntos reúnem mais de US$ 3 trilhões, desafia as maiores companhias do mundo de petróleo, gás e carvão a se tornarem mais preparadas para um futuro de baixo carbono



Um futuro climaticamente seguro implica em uma utilização cada vez maior das energias renováveis e de estratégias de eficiência energética em detrimento do uso de combustíveis fósseis. Sendo assim, o que podemos esperar das empresas que atualmente dependem dos combustíveis fósseis para sobreviver? Pensando nisso, um grupo de 70 investidores decidiu perguntar a essas firmas como elas planejam lidar com a questão.

A ação dos investidores, chamada de iniciativa Carbon Asset Risk (CAR), foi lançada nesta semana visando estimular as 40 maiores companhias de combustíveis fósseis do mundo a avaliarem os riscos das mudanças climáticas para seus negócios e os benefícios de apoiar energias de baixo carbono. No último mês, os investidores já haviam enviado cartas às firmas solicitando respostas detalhadas antes de 2014.

O esforço é uma resposta ao relatório Unburnable Carbon, apresentado neste ano, que aponta que, apenas em 2012, as 200 maiores empresas de combustíveis fósseis gastaram cerca de US$ 674 bilhões para encontrar e desenvolver novas reservas, que podem nunca ser utilizadas devido às políticas internacionais para redução de emissões de gases do efeito estufa (GEEs).

“As companhias de combustíveis fósseis são as maiores fontes de poluição de carbono de longe, o que significa que elas também estão unicamente posicionadas para liderar o mundo na resposta aos riscos climáticos globais”, colocou Mindy Lubber, presidente do Ceres, que coordena a coalizão.

Os investidores estão preocupados que o dinheiro colocado em projetos de energia fóssil, que contribui para as mudanças climáticas, possa se tornar irrecuperável, fazendo com que as empresas do setor percam valor de mercado.

Por exemplo, o valor de algumas firmas do setor carbonífero já está caindo, principalmente com o aumento da competição entre as fontes de energia, novos padrões de qualidade do ar para reduzir os impactos na saúde, e medidas para diminuir a poluição de carbono.

“O mundo está levando as mudanças climáticas a sério e as pressões globais para reduzir o uso de combustíveis fósseis apenas se tornarão mais fortes”, observou Jack Ehnes, CEO do California State Teachers’ Retirement System (CalSTRS).

“Como investidores em longo prazo, vemos o mundo caminhando para um futuro de baixo carbono no qual as reservas de combustíveis dosséis que as companhias continuam a desenvolver podem na verdade se tornar um passivo, o que pode afetar o valor para os acionistas”, acrescentou Ehnes.

Por isso, os investidores querem saber como as empresas de combustíveis dosséis planejam lidar com os riscos climáticos e com a emergente economia de energia limpa: por exemplo, através da redução da intensidade de CO2 dos ativos, do abandono dos projetos mais intensos em emissões, e do investimento em fontes de energia de baixo carbono.

“Gostaríamos de compreender a exposição de reserva [das companhias] aos riscos associados às atuais e prováveis futuras políticas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 80% até 2050”, escreveram os investidores às firmas de petróleo, gás e carvão.

Ainda nesta semana, os investidores receberam respostas preliminares de 30 empresas, mas muitas delas garantiram que as questões serão detalhadas aos investidores em breve.

“Muitas das respostas que os investidores receberam de companhias até agora reconhecem que há um problema de risco legítimo em torno das reservas de carbono, e as companhias estão abertas ao engajamento contínuo da comunidade de investidores para determinar o alcance”, comentou Mark Fulton, assessor do Ceres e membro do Quadro de Assessoria da iniciativa Carbon Tracker, que também coordena a coalizão.

“As companhias de combustíveis fósseis se mostrarão mais responsáveis para com o capital no futuro se elas tomarem medidas agora para administrar os riscos colocados pelas mudanças climáticas”, concluiu Fulton.

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