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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Informação na hora da compra também move economia para produção mais sustentável

Fonte: Akatu

Por Ana Néca, da equipe Akatu

Além do incentivo a práticas empresariais socioecoeficientes, o estímulo ao consumidor para escolhas mais conscientes é crucial para negócios transformadores


Foto: Henrique Lian, do Instituto Ethos, Paulo Pianez, do Carrefour, Felipe Warken, da Conservas Linken, Dal Marcondes, da Envolverde, durante o debate no 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade/Crédito: Rodrigo Lorenzon

Como lidar com um consumidor mais consciente do impacto das suas escolhas e incentivar que as empresas busquem soluções que respondam a essas exigências, promovam bem-estar social e ambiental e ainda garantam retorno financeiro? Estes foram alguns dos aspectos sobre produção e consumo Sustentáveis debatidos durante o segundo dia do 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá (MT).

“Temos uma economia basicamente estruturada na aceleração do processo de extração de recursos, produção de bens e serviços, venda, consumo, uso e descarte”, afirmou Dal Marcondes, jornalista diretor da Envolverde e especialista em meio ambiente, ressaltando que, por conta disso, a discussão sobre modelos de produção e consumo mais sustentáveis é central para a transformação necessária do cenário dos negócios.

Segundo Henrique Lian, diretor de Comunicação e Relações Institucionais do Instituto Ethos, os principais obstáculos às empresas que pretendem incorporar práticas mais sustentáveis são a falta de subsídios para negócios de uma nova economia, a existência de incentivos e subsídios para atividades não alinhadas a práticas sustentáveis e o medo de perder mercado. “Uma empresa se move na direção da sustentabilidade quando isso se mostra viável do ponto de vista do negócio. Hoje temos que transformar problemas ambientais e sociais como oportunidades, para novos e melhores negócios”, destacou Lian.

“As adaptações tem que ser feitas desde já, porque no futuro não teremos escolha”, argumentou Felipe Warken, da fábrica de Conservas Linken, em Minas Gerais. Warken apresentou o caso de criação e gestão da sua empresa como destaque reconhecido pelo Prêmio Sebrae de Práticas Sustentáveis. A empresa surgiu no norte mineiro, incorporando práticas de logística reversa e embalagens retornáveis, incentivando a força de trabalho dos moradores da região e estimulando a produção local. “Temos contrato com 85 produtores de agricultura familiar. Nós incentivamos os produtores da região para garantir a subsistência do negócio deles e nosso. Quando você cria esse ambiente que consegue autonomia e se mantém, dificilmente você não terá sucesso”, comemora o microempresário.


Educação e informação para o consumo consciente


Para Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil, a informação direta ao consumidor é o principal gatilho para que ele mude de comportamento, forçando ainda as empresas a incorporarem práticas sustentáveis. “O Carrefour trabalha em parceria com o Instituto Akatu desenvolvendo mecanismos para que as pessoas façam escolhas mais conscientes”. Pianez indicou que o varejo tem papel importantíssimo nesse processo porque fala diretamente com o consumidor. Citou ainda que a rede de supermercados usa sua comunicação como veículo de educação para o consumo, apresentando informações sobre o que fazer com embalagens pós consumo, incentivando consumidores a fazerem planejamento de compras, elaborarem listas de compra para evitar desperdício e a manipular alimentos para aproveitamento integral. “A informação mais efetiva é a da gôndola, apresentada ao consumidor no momento da compra”, destacou Pianez.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

WiseWaste cria processos de reciclagem para grandes empresas

Fonte: PEGN

Negócio venceu Desafio Conte Sua História de PEGN no Festival de Empreendedorismo
 
Guilherme Brammer, da WiseWaste (Foto: Anna Carolina Negri)
Guilherme Brammer, da WiseWaste (Foto: Anna Carolina Negri)Guilherme Brammer, da WiseWaste (Foto: Anna Carolina Negri)
Os processos de reciclagem normalmente envolvem a transformação de latas de metal, garrafas de vidro e papel em produtos novos. No entanto, há uma série de produtos que podem ser reciclados, mas a maior parte das pessoas nem faz ideia. É na transformação de materiais sem processos de reciclagem conhecidos que atua a WiseWaste. Além da reciclagem, a empresa do paulistano Guilherme Brammer, 36 anos, abre espaço para que grandes empresas possam dar a seus produtos um destino diferente dos aterros sanitários. Em setembro, a empresa foi a vencedora do Desafio Conte Sua História, no Festival de Empreendedorismo (Festemp). Em troca, a empresa ganhou o direito de aparecer nas páginas da revista e do site de PEGN.

A WiseWaste surgiu em 2011, pelas mãos de Brammer e outro engenheiro, Chicko Sousa. Desde o começo de novembro, Brammer comprou a participação de seu sócio e passou a liderar a empresa sozinho. De acordo com Brammer, a vontade de inovar e acabar com o desperdício de uma série de materiais foram os fatores que levaram à criação da empresa.

A empresa tem uma série de processos de transformação sob demanda. Os trabalhos são propostos por empresas parceiras, que querem transformar determinado material, normalmente usado nas embalagens das próprias empresas. "Elas lançam o desafio e cabe a nós entregar soluções para aquele desperdício", diz Brammer.

Por exemplo, uma das empresas parceiras da WiseWaste é a Procter&Gamble (P&G), detentora da marca Oral-B. Um dos desafios propostos foi transformar as embalagens de creme dental em outros produtos. Cabe à WiseWaste conseguir o material, que pode ser de qualquer marca, não só da P&G. Depois, as embalagens são transformadas em uma resina termoplástica. Por sua vez, o material é usado na fabricação de outros produtos.
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Para produzir a resina, a WiseWaste também usa embalagens de shampoo e sabão, além de rótulos de refrigerante. O material é vendido a outras indústrias de transformação e vira a matéria-prima de prateleiras e cestas de supermercado, pallets para empilhadeiras e outras embalagens. Essa resina pode ser transformada até em instrumentos musicais – exatamente o que aconteceu em um projeto com a Contemporânea, produtora de instrumentos de percussão. Os clientes da WiseWaste são, sobretudo, de grande porte: a empresa tem como clientes companhias como BRF, Marfrig, Natura e Braskem.

CNPq privado – Como a WiseWaste lida com produtos sem processos de reciclagem conhecidos, a busca pela inovação faz parte da vida da empresa. Um dos aliados da WiseWaste na solução dos desafios propostos é o curso de engenharia de materiais da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As duas partes assinaram um convênio, que permite que a WiseWaste use a produção acadêmica dos estudantes.

Em troca, os alunos recebem uma bolsa em dinheiro e ganham visibilidade. "No acordo, a WiseWaste funciona como um CNPq privado e garantimos que o trabalho seja aproveitado pelo mercado, porque já há a demanda das empresas parceiras", afirma Brammer, referindo-se à bolsa paga a estudantes pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, ligado ao governo federal.

Expansão – Segundo Brammer, a WiseWaste espera um faturamento de R$ 2,7 milhões neste ano, oriundo basicamente da venda da resina termoplástica. O valor é seis vezes maior que os R$ 450 mil ganhos no primeiro ano de atividade da empresa.

Para o ano que vem, a meta é faturar entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões. "Nos três anos seguintes, queremos chegar aos R$ 20 milhões de faturamento anual", diz o fundador da empresa.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O mês de junho foi o mais quente desde 1880

Fonte: Blog do Planeta / Época

Por Alexandre Mansur

Variação de temperatura dos meses de junho desde 1880 a partir da média do século XX (Foto: NOAA)

Se você não tirou os casacos mais pesados do fundo do armário neste inverno, não está sozinho. Segundo a NOAA, agência americana para atmosfera e oceanos, este mês de junho foi o mais quente desde que começaram os registros no planeta.

As temperaturas da terra e da superfície dos oceanos estiveram 0,72 grau centígrado acima da média do século XX.

Parece pouco, mas no gráfico acima dá para ver como as temperaturas estão mais altas do que a média. As variações são medidas tendo como referência um grau Fahrenheit. Ele mostra as médias de junhos desde 1880. Todos os anos são comparados com a média do século XX. Os anos em azul ficaram mais frios que a média. Os anos vermelhos tiveram junhos mais quentes que a média.

Já havíamos dito que essa foi a Copa do Mundo mais quente de todos os tempos. São sinais do aquecimento global.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Produção de energia eólica aumenta 44,4% em um ano


Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil / Edição: Nádia Franco



A produção de energia eólica aumentou 44,4% no último ano, segundo a edição do Boletim de Operações de Usinas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A comparação é entre os meses de maio de 2013 e 2014.

No mesmo período, a geração de energia termelétrica aumentou 20,7%. Apesar de apresentar uma redução de 5,1%, a energia produzida por hidrelétricas mantém-se predominante, sendo responsável por 66,5% da produção brasileira.

De acordo com a CCEE, em maio, fontes eólicas produziram 747 megawatts (MW) médios e térmicas, 17.307 MW médios. O boletim informa que o salto na entrega das térmicas foi impulsionado pelas usinas nucleares: foram produzidos 1.763 MW médios – número 154,1% acima do registrado em maio de 2013. As usinas térmicas a carvão geraram 1.823 MW médios (aumento de 37,3%) e as de biomassa 3.038 MW médios, produção 21,6% superior à registrada em maio de 2013.

A capacidade instalada somou 127.026 MW provenientes de 1.118 usinas que estão operando comercialmente no período. Ainda segundo o boletim divulgado hoje (15), a geração total de energia pelas usinas do Sistema Integrado Nacional foi 60.978 MW médios. Apesar de a geração ter sido 2,8% inferior à registrada em abril, é 1,8% maior do que o resultado obtido em maio de 2013.

sábado, 19 de julho de 2014

Inscrições abertas para dois cursos a distância até dia 1° de agosto


Inscrições abertas para dois cursos a distância até dia 1° de agosto
Martim Garcia/MMA

Criança e o Consumo Sustentável e Estilos de Vida Sustentável são os temas dos dois primeiros cursos promovidos pelo MMA em 2014


TINNA OLIVEIRA

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) está com as inscrições abertas para dois cursos a distância. Até o dia 1° de agosto, os interessados nos temas “Criança e o Consumo Sustentável” e “Estilos de Vida Sustentável” podem se inscrever na plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os cursos serão realizados durante o mês de agosto e os participantes terão direito a um certificado de formação no tema, emitido pelo MMA.

Para se inscrever é necessário acessar a plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). A página traz um resumo de cada curso. Ao selecionar a opção do curso desejado, será solicitada a realização de um cadastro. As instruções para se cadastrar aparecerão ao lado direito da tela.

Os cursos fazem parte da iniciativa de ampliar o acesso de diversos públicos interessados nos processos de formação e capacitação desenvolvidos pelo MMA. Para este ano, a expectativa é formar 10 mil pessoas a partir dos oito cursos a distância promovidos pelo órgão.

TEMAS


O curso “Criança e o Consumo Sustentável” oferece mil vagas. A carga horária será de 38 horas. O curso tem como objetivo trabalhar o conhecimento de pais e educadores para que construam valores mais sustentáveis com as suas crianças, desestimulando o consumo desenfreado e incentivando a prática de brincadeiras, hábitos e atitudes muito mais saudáveis e sustentáveis.

Será abordado o contexto histórico do consumo, fundamentos e conceitos da sustentabilidade e do consumo sustentável, além de apresentada estratégias de como proteger as crianças dos apelos consumistas. O curso será realizado no período de 04 a 30 de agosto.

O curso “Estilos de Vida Sustentável” também oferece mil vagas, com carga horária de 30 horas. A iniciativa visa promover uma reflexão e discussão sobre mudanças em favor de estilos de vida sustentáveis. Aberto para qualquer pessoa interessada no tema, o curso será ministrado de 04 a 30 de agosto.

A capacitação abordará fundamentos e conceitos sobre o consumo e seus impactos socioambientais, apresentará dicas práticas para um consumo sustentável, perpassando por diversos temas como o uso da água e energia, resíduos sólidos domésticos e os impactos dos resíduos, habitações sustentáveis, alimentação, saúde, mobilidade urbana e lazer.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Série Papos Sustentáveis

O projeto “Comunicação Organizacional Verde: Economia, Marketing Ambiental e Diálogo Social para a Sustentabilidade Corporativa” ganhou um canal no Youtube para tratar de temas abordados pelo livro de mesmo nome, como sustentabilidade, economia, comunicação, marketing e meio ambiente. 

A primeira série de vídeos do canal, a "Papos Sustentáveis", é apresentada pelos professores e autores Nemézio Amaral Filho, Eduardo Murad e Emmanoel Boff e tem por objetivo apresentar o conceito de Comunicação Organizacional Verde, convidando os leitores e seguidores para interagir.

Comente, compartilhe e faça as suas perguntas pelas nossas redes sociais:
Canal no Youtube: http://goo.gl/GveFx3
Página no Facebook: http://goo.gl/tYlg45



















sexta-feira, 11 de julho de 2014

Quilombos Sustentáveis

Fonte: Pnud

Parceria entre PNUD e SEPPIR faz avançar o acesso das comunidades quilombolas às políticas públicas, buscando soluções para seus desafios sociais, econômicos e ambientais.


Comunidade Quilombola, RJ
FESTA DA CONSCIÊNCIA NEGRA NA ILHA DA MARAMBALA, RJ. FOTO: ACERVO KOINONIA PRESENÇA ECUMÊNICA E SERVIÇO.


“A parceira do PNUD com a SEPPIR abre possibilidades para que o Brasil crie o que chamo de uma segunda geração de políticas de inclusão.” 

A afirmação de Luiza Bairros,a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), resume em poucas linhas os objetivos do projeto Quilombos Sustentáveis, cujos primeiros passos foram dados em 2013, na busca de soluções para desafios sociais, econômicos e ambientais das comunidades quilombolas. 

Fruto de uma parceria entre PNUD, Fundação Ford e a SEPPIR, em apoio ao Programa Brasil Quilombola (PBQ), a iniciativa tem a regularização fundiária dos territórios quilombolas como base. Graças a este mecanismo, as comunidades passarão a ter acesso aos direitos de cidadania, beneficiando-se de políticas públicas e realizando projetos com o governo e a sociedade civil. 

Em 2013, a compilação de dados nacionais e estaduais permitiu a consolidação de um banco de dados cartográfico dos territórios quilombolas já homologados. Foram identificados 65 territórios, sendo que oito apresentavam pendências na precisão da demarcação de suas áreas. Com o apoio do IBGE, o projeto contou também com a realização do Mapa da Distribuição Espacial da População Segundo a Cor ou Raça - Pretos e Pardos - Brasil. 

Entre outras atividades, estiveram o levantamento junto à CONAB sobre o acesso das comunidades quilombolas a mercados institucionais de escoamento de produtos agrícolas e a realização de 13 oficinas de formação sobre a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Cidades sustentáveis são tema de diálogos no 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade


O número de pessoas nas cidades cresceu a um ritmo exorbitante. De acordo com a ONU-Habitat (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos), a população urbana mundial foi multiplicada por cinco entre 1950 e 2011. Apenas nos países em desenvolvimento, entre 1995 e 2005, a população cresceu, em média, em 1,2 milhões por semana, ou cerca de 165 mil habitantes por dia. E a previsão é que este número continue aumentando, podendo alcançar a marca de 5,3 bilhões em 2050.

Com a maior parte da população vivendo em cidades, a qualidade de vida torna-se motivo de preocupação em todo o mundo. Densidade populacional e intensa atividade econômica são fatores que interferem diretamente no meio ambiente, afetando a qualidade do ar, água e solo nas áreas urbanas.

O caos da mobilidade deixa de ser realidade apenas nos grandes centros. O aumento de emissões conduz a um cenário onde aproximadamente 90% da população convive com ar aquém dos níveis de segurança. Os resíduos sólidos gerados chegam a 1,3 bilhão de toneladas anuais, segundo dados da Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e, na maior parte dos casos, descartados incorretamente. Como solucionar estas questões?

Ideias e oportunidades


Para discutir este novo cenário, o 4º Seminário de Sustentabilidade reunirá especialistas sobre o assunto em Cuiabá, entre os dias 29 a 31 de julho. Sob o título Diálogos: Cidades Sustentáveis, Carlos Silva, da Abrelpe, Mirela Souto, da Marca Ambiental, e Rolf Buschmann, da Solar Info Center (Alemanha), discutem problemas urbanos, desafios e oportunidades de negócios em cidades sustentáveis, com a mediação de Dal Marcondes.

Cidades sustentáveis são projetadas para minimizar impactos socioambientais, promovendo não apenas a melhoria na qualidade de vida atual, mas também garantindo recursos para as gerações futuras. Contemplam iniciativas como políticas públicas em prol da mobilidade, melhoria dos meios de transporte coletivos, estímulo às fontes renováveis de energia, e implantação de sistema para gerenciamento dos resíduos sólidos, garantindo um processo menos desigual, mais inclusivo e que integra as dimensões social, ambiental e econômica.

Freiburg: a cidade mais sustentável do mundo


Integrando a discussão, será apresentando o caso de Freiburg, na Alemanha. A cidade é exemplo de como é possível aliar crescimento econômico, qualidade de vida e conservação de recursos.

Com cerca de 220 mil habitantes, Freiburg alcançou um dos menores índices de monóxido de carbono, graças a diversas iniciativas, como uso de fontes renováveis de energia (especificamente a solar), edificações eficientes e uso intensivo de ciclovias.

Serviço:


4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade
De 29 a 31 de julho, em Cuiabá (MT)

domingo, 6 de julho de 2014

Resíduo bom é o que não é gerado


Por Helio Mattar*

Reciclar é preciso, no entanto, não é suficiente. A reciclagem de resíduos não muda a essência de nosso padrão de consumo, reflexão fundamental quando pensamos em sustentabilidade. A geração de resíduos é um indicador muito representativo do nível de produção e consumo e, em muitos casos, também de desperdício. É importante manter em mente que o resíduo do nosso consumo é apenas uma parte, e bem pequena, do total dos resíduos gerados durante o processo produtivo de cada produto, desde a extração, processamento, armazenamento e venda. E estes resíduos precisam ser recolhidos, tratados, descartados e/ou reciclados.

E quem paga esta conta? O consumidor, sempre. Esse custo está embutido, na forma de impostos, no preço do que estiver sendo comprado, impostos que as prefeituras usam para pagar pelos serviços de coleta, transporte, deposição final ou reciclagem. Este custo está também no meio ambiente, produzindo poluição visual, olfativa, obstruindo vias e canais de escoamento de água e, muitas vezes, trazendo riscos de doenças, especialmente quando se considera que quase 50% dos resíduos gerados vão para lixões e não para aterros sanitários.

A geração de resíduos per capita no Brasil vem crescendo nos últimos anos. Os dados oficiais mais recentes, da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, do IBGE, indica que 190 milhões de brasileiros geram quase 160 mil toneladas de resíduos urbanos diariamente. Pode-se dizer que cada brasileiro gera aproximadamente 1,4 kg de resíduos por dia, dos quais 60% são orgânicos e 40% são materiais recicláveis ou rejeitos sem utilização possível.

Dada a expectativa média de vida do brasileiro de 73,8 anos , cada pessoa gera, ao longo de sua vida, 37,7 toneladas de resíduos, o que significa que uma família de quatro pessoas gera, ao longo da vida, resíduos suficientes para encher 22 caminhões de lixo.

Se, em vez de descartar, essa família guardasse todo o resíduo que produz, precisaria de quatro apartamentos de 60 m2: um para morar e os outros três só para depositar resíduos, do chão até o teto.

Reciclar resíduos é imperativo. Ao reutilizar ou reciclar o que seria descartado, reduz-se o volume de lixo e, ao mesmo tempo, se recoloca nas cadeias produtivas insumos que já passaram por um processo de manufatura, o que permite reduzir o consumo de energia e, em geral, também o de água na produção desses insumos quando comparado ao que seria gasto na sua produção feita a partir dos recursos naturais virgens.

Porém, a reciclagem continua a demandar transporte, energia, água, recursos naturais para que possa ocorrer o processamento dos resíduos gerando novas matérias primas que servirão de insumos em algum processo produtivo. Além disso, embora a reciclagem signifique uma mudança no processo de produção, o modelo de consumo não se altera, o que seria fundamental para uma sociedade mais sustentável. Mas, sem dúvida, é melhor que exista a reciclagem do que não exista. Para isso, um mecanismo importante é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010 e que entrará em vigência em agosto de 2014. A Política está assentada em três princípios básicos:

1) evitar a retirada de recursos naturais do meio ambiente;

2) reduzir a geração de resíduos sólidos;

3) reusar, reciclar, dar tratamento e dispor adequadamente os resíduos gerados.

A ordem na qual esses 3 princípios é apresentada não é aleatória, mas definidora da direção que deve ser seguida: a sociedade brasileira (governo, cidadãos e setor produtivo) será estimulada inicialmente a evitar a geração de resíduos, em seguida, a reduzi-la, e finalmente, a reutilizar ou reciclar os resíduos, evitando a produção de lixo. Para atingir tais princípios, a lei propõe três importantes inovações, que vão mudar o dia a dia dos brasileiros:

(a) o fim dos lixões, dado que as prefeituras estão obrigadas a fechar todos os lixões e outros tipos de depósitos não adequados, e, a partir de agosto de 2014, só poderão ser usados aterros sanitários;

(b) a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, o que implica que fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, concessionários dos serviços de limpeza urbana, governo e consumidores serão corresponsáveis pela redução dos impactos causados pelos resíduos à saúde humana e à qualidade ambiental. De que forma? Minimizando o volume de resíduos e zelando pela destinação correta;

(c) a logística Reversa, um conjunto de ações, procedimentos e meios que o setor produtivo deve implantar para recolher os resíduos sólidos gerados por seus produtos e serviços. A legislação obriga fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a recolher os resíduos e produtos de seis setores: agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletrônicos.

A implantação dessa política tem gerado muito debate e movimentação em torno do tema, nos municípios e empresas. Em meio a esta movimentação, é importante destacar o papel dos consumidores que, como cidadãos, podem (e devem) acompanhar os movimentos em curso e demandar informações e ações por parte de prefeituras e empresas. E, claro, consumir com mais consciência, para produzir menos resíduos.

* Helio Mattar é doutor em Engenharia Industrial pela Universidade Stanford (EUA) e diretor-presidente do Instituto Akatu.

Artigo originalmente publicado na edição nº 35 [janeiro, fevereiro e março de 2014] da Revista Rossi. (Instituto Akatu)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Conheça a luminária capaz de gerar energia a partir da respiração humana

Fonte: Hypeness


Cada vez mais a busca por energias alternativas vem se tornando essencial para o futuro da eletricidade limpa no mundo. São diversas as possibilidades de geração de energia já descobertas, mas uma inesperada mostra ser  particularmente eficiente: descubra como, com a ajuda de algas e da sua respiração, é possível gerar energia.

Desde 2010, cientistas de Yansei e da Universidade de Stanford, liderados por Mike Thompson, vêm desenvolvendo uma técnica pioneira onde é possível gerar correntes elétricas através do processo da fotossíntese, utilizando a nanoteconologia para torná-la possível.

Assim surgiu a Latro, uma luminária que tem uma entrada para receber dióxido de carbono que eliminamos na respiração. O restante é feito pelas algas, que são incrivelmente fáceis de cultivar, necessitando apenas de luz solar, CO2 e água, oferecendo uma forma extremamente simples de produzir energia. A luminária possui uma bateria para armazenar a energia acumulada e ainda um sensor interno capaz de controlar a intensidade da luz.

Veja só:





Para mais informações, acesse o site do projeto.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O declínio de uma paixão


Por Raul Juste Lores


Poderá o carro tornar-se o novo cigarro?


Foto: Barcroft Índia/Getty Images
(Foto: Barcroft Índia/Getty Images)

Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção mas também como objeto de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental, fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para atrair moradores.

Dois Rolls Royces estão expostos, ao lado de duas Maseratis, no saguão principal do Tysons Galleria. Os carros fazem parte de uma promoção do centro comercial, vizinho do Tysons Corner Center, que, ao ser inaugurado, em 1968, era o maior shopping do mundo.

Os dois centros de compras são o coração do distrito empresarial de Tysons Corner, a 18 km de Washington, cercados por sedes de consultorias como KPMG e Deloitte, do banco Morgan Stanley, do jornal "USA Today" e de companhias de tecnologia. Mais de 100 mil pessoas trabalham ali.

Tysons, porém, está em crise. Apesar dos shoppings e dos arranha-céus, poucos querem morar no distrito, que parece uma versão muito mais rica, embora igualmente desolada, da paulistana Marginal Pinheiros. Calçadas quase inexistentes, prédios separados por estacionamentos intermináveis, avenidas congestionadas e viadutos, muito viadutos. Atacadões e lojas enormes, caixotes fechados à rua, ladeiam as quatro autoestradas que levam ao distrito.

Como para atravessar a Marginal, o pedestre precisa escalar passarelas, passar por entre os carros ou cruzar os estacionamentos sem uma única árvore: é raríssimo encontrar alguém caminhando ali. Só o rio ficou faltando em Tysons: os dois riachos da área foram canalizados e cobertos por asfalto.

O trânsito é o pior da região metropolitana de Washington, que, por sua vez, desbancou Los Angeles como a de pior trânsito em todo o país. Diante desse quadro, empresas discutem a conveniência de manter sedes ali.

Se, na última década, a região metropolitana de Washington ganhou quase 1 milhão de novos moradores, chegando a 5,8 milhões, Tysons passou de 18 mil habitantes em 2000 para 19 mil no ano passado. Nos últimos dez anos, 20 mil empregos se mudaram de lá, especialmente para o centro de Washington, onde há cafés, restaurantes e calçadas largas --que atraem universitários, recém- formados e casais mais velhos cujos filhos já saíram de casa. Gente que vai ao trabalho de bicicleta ou a pé (algo comum a 15% da população da capital americana).

RETROFIT 


Tysons é vítima do declínio da cultura das quatro rodas no país que criou a linha de montagem, o mercado automobilístico de massas, as highways e que, em filmes e seriados, glamorizou a vida nos subúrbios. Os proprietários de prédios e terrenos dali preparam um bilionário retrofit para reduzir --quem diria-- o espaço para carros e tentar tornar a vizinhança amigável aos pedestres.

A reação do mercado --e Tysons é só um exemplo-- tem sido adotar a linguagem de urbanistas.

Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital paranaense, chamou o carro de "cigarro do futuro" em seminários organizados pelo "New York Times" e pela Folha. "Você poderá continuar a usar, mas as pessoas se irritarão por isso", afirmou.

Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de ônibus, vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no país, com a adoção de corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de vagas de garagem.

O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de Lerner. "Um dia as pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da mesma forma como hoje pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes, aviões e lugares fechados."

Em um país onde a carteira de motorista é um RG extraoficial, 20% dos jovens americanos entre 20 e 24 anos de idade não têm hoje habilitação --e o mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos. Em ambos os casos, o número de jovens que não dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo da Universidade de Michigan.

Desde 2001, o número de quilômetros dirigidos nos EUA vem caindo. Na última década, o número de americanos que vai diariamente ao trabalho de bicicleta aumentou 60%, chegando a 900 mil.

Em várias cidades americanas, mais de 10% das viagens de casa ao trabalho são feitas a pé ou de bicicleta, como em Boston (17%), Washington (15,2%), San Francisco (13,3%), Seattle (12,6%) e Nova York (11%) --na maior cidade americana, 60% das viagens são em transporte público.

Houve investimentos pesados para que isso acontecesse. A gestão do prefeito Michael Bloomberg em Nova York (2002-13) reduziu pistas para carros na Broadway e na Times Square e criou 450 km de ciclovias. Mesmo cidades menos densas, como Denver e Houston, criaram redes de bondes modernos (como os "tram" alemães e suíços, ou metrôs de superfície) na última década.

O uso do transporte coletivo nos EUA em 2013 foi o maior já registrado desde 1956, segundo a Associação Americana de Transporte Público, com 10,7 bilhões de viagens. Foram oito anos de crescimento consecutivo, a partir de 2005. O número de viagens em trens urbanos e bondes aumentou acima de 20% só no ano passado em cidades como Salt Lake City (Utah), Austin (Texas), Filadélfia (Pensilvânia) e New Orleans (Louisiana).

DEMOGRAFIA 


Diferentemente do que se possa pensar, o cuidado com o ambiente não é a principal motivação do refluxo automobilístico. "Há diversas razões econômicas e demográficas que precedem a preocupação ambiental na mudança da relação dos mais jovens americanos com o carro", diz Christine Barton, diretora do Boston Consulting Group, empresa de consultoria que coordenou um estudo sobre a crise da paixão americana pelo automóvel.

"Os jovens se casam muito mais tarde e têm menos filhos que nos anos 1950 ou 60. O subúrbio americano, idealizado para a vida sobre quatro rodas, dependia de famílias numerosas, nas quais o pai tinha um emprego para toda a vida", explica. "Hoje as pessoas mudam de emprego com mais frequência, e os jovens preferem áreas urbanas vibrantes, cercadas de opções de trabalho e entretenimento, com cafés e bares onde possam trabalhar com seu laptop, em vez de viver na lonjura suburbana."

O olimpo da economia americana também se deslocou, como atesta a decadência de Detroit, berço da indústria mundial do carro, que encolheu de 2 milhões de habitantes nos anos 1970 a 700 mil hoje e cuja prefeitura está oficialmente falida. A General Motors, por várias décadas a maior empresa americana, hoje ocupa o sétimo lugar no ranking da revista "Fortune". No novo topo, encontram-se empresas de tecnologia, como Google e Apple.

Mesmo na cultura pop, já há registros dessa inversão. A Nova York violenta de "Taxi Driver" e de seriados policiais foi substituída pela de personagens que adoram bater perna, de "Sex and the City" a "Friends". O subúrbio idealizado de antes, com quintais e carrões na garagem, virou cenário de famílias problemáticas, de "Desperate Housewives" a "A Sete Palmos".

Mesmo se a questão impacto ambiental não é a central, ela é uma variável na equação.

Aqueles que colocam o aspecto verde no cerne da opção antiautomóvel não se limitam à superfície do debate. Veículos elétricos, por exemplo, não convencem quem chama carro de cigarro do futuro.

"É importante entender que, ainda que sejam veículos com zero emissão de carbono, os carros elétricos poluem", diz o australiano Dawson. Ele recorda que, em um grande número de países, a geração de energia elétrica depende de combustíveis fósseis. "A poluição continua a acontecer em outra ponta, o que não ocorre com a bicicleta --e muito menos com o transporte coletivo."

Nos Estados Unidos, 60% das emissões de carbono devidas a meios de transporte vêm dos automóveis --isso significa 20% de toda a emissão gerada no país. Os carros emitem mais carbono que todas as residências e fazendas americanas juntas, segundo a Agência de Proteção Ambiental.

Em abril passado, pela primeira vez em 30 anos, o governo americano criou novas regras para reduzir a emissão de carbono pelos automotores --a adequação custará às montadoras US$ 1.000 por veículo, a partir de 2016.

GADGETS 


Para o jornalista Greg Lindsay, professor visitante do Centro de Política dos Transportes da Universidade de Nova York, "hoje os celulares tomaram o lugar dos carros como elementos de aventura". Na opinião de Lindsay, os gadgets são capazes de gerar entusiasmo muito maior do que o suscitado por "um novo modelo de carro qualquer".

O mercado não tardou em assimilar a tendência: apostar no declínio do carro, de símbolo de status a mero meio de locomoção, tornou-se um negócio lucrativo.

Na década passada, empresas de compartilhamento de veículos, como ZipCar e Car2Go, se popularizaram em grandes cidades americanas. Nesse tipo de serviço, paga-se pelo uso de um veículo por determinado período, ao fim do qual ele é estacionado em um lugar público, para que outro usuário possa tomá-lo. Esses carros compartilhados, que não servem para impressionar o vizinho, são modestos --mais semelhantes ao típico compacto europeu que aos espaçosos utilitários americanos.

De todos os negócios surgidos dessa nova fase, o mais promissor é o aplicativo Uber, avaliado em US$ 18 bilhões após o último aporte de capital de investidores neste mês, o que faz dele a empresa iniciante mais valiosa do mundo.

O aplicativo, que conecta usuários e motoristas cadastrados em seu sistema, foi lançado há quatro anos em San Francisco e, no ano passado, ampliou sua operação para 120 cidades em 38 países (no Brasil, por ora funciona apenas no Rio, segundo o site da start-up).

O carro é chamado pelo aplicativo, e o usuário pode controlar onde o automóvel está circulando e quanto tempo levará para chegar. O pagamento da corrida é debitado em um cartão de crédito também registrado no aplicativo, que permite organizar caronas e grupos.

Para Farhad Manjoo, especialista em tecnologia do "New York Times", o Uber pode "alterar a maneira como usamos o transporte tanto quanto a Amazon fez com nosso jeito de comprar". "Seu software é fácil de usar e uma montanha de dados permite localizar a demanda, de forma a reduzir a espera, o tempo de pagamento e, principalmente, a longa busca por estacionamento." Na opinião do colunista, o Uber pode "realizar o sonho" dos estudiosos que sonham em reduzir o índice de propriedade de automóveis".

Como o pacote mais acessível do Uber, o UberX, já é 30% mais barato que uma corrida de táxi convencional, o serviço tem se popularizado nas cidades americanas.

Taxistas em diversas cidades europeias fizeram protestos e greves contra o aplicativo, que veem, na prática, como concorrência desleal. Uma vez que o número de licenças para táxis costuma permanecer inalterado por anos em diversas cidades, o Uber se transformou na primeira concorrência de verdade ao táxi tradicional.

"Com menos carros, o custo de vida em áreas urbanas deve ser reduzido, assim como as emissões produzidas por milhões de carros procurando estacionamento. O espaço hoje ocupado por garagens e estacionamentos pode ser realocado para usos mais valorizados, como habitação", escreveu Manjoo.

Para David King, professor de planejamento urbano na Universidade Columbia, "em muitas cidades e até em subúrbios, vem se tornando mais fácil ter uma vida sem carro ou com uso light do automóvel", diz. "Em vez de um carro por pessoa, poderemos ter famílias inteiras com um só veículo, usando outros compartilhados."

POLARIZAÇÃO 


Mas, em tempos de polarização extrema da política americana, o debate sobre a posse do automóvel se tornou ele também um tema controverso.

"Ciclovias, cidades mais densas, com menos carro e mais calçada, espaço público e transporte coletivo estão em alta no nordeste e noroeste americanos e em quase todas as grandes cidades do país", diz Karen Seto, professora de geografia e urbanização da Universidade Yale. "São as cidades de sempre, de Seattle, Portland e San Francisco a Washington, Nova York, Boston e Chicago", diz.

"Mas no Texas, no sul, em boa parte do interior e nas cidades pequenas, o subúrbio, as casinhas iguais, a cidade espalhada sem transporte público, o shopping center e a vida centrada no carro continuam a imperar", ressalta.

Nas cidades texanas de Arlington e Mansfield, na região metropolitana de Dallas, políticos ligados ao movimento ultraconservador Tea Party fizeram protestos contra a construção de ciclovias, qualificando-as como "uma agenda verde imposta pela ONU" com a intenção de "mudar o estilo de vida tradicional americano".

Pesquisa divulgada no início do mês pelo instituto Pew comprova essa polarização sobre rodas. Instados a definir como seria "a comunidade ideal", conservadores responderam "cidade pequena" ou "área rural". Os democratas responderam "cidades".

"Subúrbios", apesar de na prática concentrarem mais habitantes que os centros das grandes cidades e que as zonas rurais juntos, não ficaram em primeiro lugar em nenhum dos dois grupos. Apenas 4% dos conservadores disseram que preferem morar em uma cidade; e somente 11% dos democratas em uma área rural.

O estudo do Pew, que ouviu 10.013 pessoas nos EUA, indica que "americanos que vivem em regiões de maioria republicana ou democrata estão vivendo em mundos diferentes em parte porque eles buscam tipos de comunidades muito diferentes, em termos geográficos e sociais", segundo os autores da pesquisa.

Os democratas ou que se definiram como "de esquerda" preferem uma comunidade "com casas menores, onde seja possível percorrer a pé os trajetos até lojas, restaurantes e escolas". Entre os que se disseram conservadores ou republicanos, a maioria preferiu "casas grandes" e escolas, restaurantes e lojas "mais distantes".

"Diversidade étnica e racial" são fatores importantes para determinar o lugar de habitação, na opinião de 75% dos democratas --só 20% dos conservadores concordaram com tal premissa. A proximidade de atividades culturais também pesa mais para os democratas: 65% deles dizem que estar próximo de museus e teatros é importante na escolha da moradia, contra 23% dos conservadores.

O estudo conclui que a realidade ampara o velho estereótipo segundo o qual conservadores preferem subúrbios, enquanto progressistas querem enclaves urbanos.

Na opinião da professora Karen Seto, de Yale, em termos numéricos, os EUA que dependem do carro ainda levam a dianteira.

"Para a cultura pop, Nova York e Portland podem ser muito mais atraentes, hoje em dia, do que qualquer subúrbio ou cidade pequena, mas viver sem carro ainda é uma aspiração distante para boa parte do país".

Segundo o US Census Bureau, o IBGE americano, oito entre dez americanos que trabalham ainda vão sozinhos de carro para o emprego. Em números absolutos, esse é o cotidiano de 107 milhões de americanos, enquanto só 13 milhões dividem o trajeto com outra(s) pessoas. Os que trabalham em casa são 6,1 milhões; outros 4 milhões vão ao trabalho a pé; 3,7 milhões, de ônibus; e 2,8 milhões só usam metrô. Por fim, 900 mil adotam a bicicleta.

NOVO CENTRO 


Se as estatísticas apontam para o fato de que a paixão pelo carro decresce justamente nas áreas mais ricas e culturalmente influentes do país, o mercado imobiliário deve abraçar ainda mais o retrofit ao estilo de Tysons --onde faixas e tapumes promovem, por todo lado, o slogan "Building a new downtown" [construindo um novo centro].

Em 2010, prevendo um êxodo maior de inquilinos e uma queda no valor dos imóveis, um grupo de proprietários dos terrenos e prédios de Tysons lançou um projeto de longo prazo para transformar o distrito em um lugar "com cara de bairro": que dependa menos de carro e favoreça mais o caminhar.

Os 40 novos prédios já aprovados --pelo menos 15 já em construção-- ocuparão terrenos que eram estacionamentos.

Entre a lista de tarefas dos empreiteiros investidores para transformar a área está reduzir os estacionamentos e cobrar por eles (a maioria ainda é gratuita), ampliar calçadas, criar áreas verdes e parques e abrir ciclovias.

Quase todas as medidas vão encolher o espaço para veículos no centro empresarial: há 170 mil vagas para carros, mais que todos os habitantes e funcionários da região juntos, e 3,72 milhões de metros quadrados de estacionamento (2,3 vezes o parque Ibirapuera) para 2,6 milhões de metros quadrados de escritórios.

O metrô de Washington está estendendo uma linha até lá, e quatro estações devem ser abertas em Tysons até o final do ano que vem. Linhas de ônibus que circulam pelo condado de Fairfax, onde fica Tysons, estão ampliando o funcionamento (antes quase inexistente) no horário noturno e finais de semana.

"Quando se pensa em Tysons, pensa-se em enormes congestionamentos. Mas queremos construir aqui a próxima grande cidade americana", diz Michael Caplin, diretor da Tysons Partnership, organização dos empresários locais. "Nosso sonho é ter uma Tysons onde não seja preciso andar de carro, onde se possa caminhar até o metrô, andar de ônibus, ter lojas, cultura, moradia, tudo junto".

O objetivo da Tysons Partnership é saltar dos 19 mil moradores atuais para 100 mil em 2050. Três quartos dos prédios em construção estarão a menos de 800 metros das novas estações de metrô. O valor inicial do aluguel de escritórios em Tysons é de US$ 300 por metro quadrado. No centro de Washington, de quase US$ 700.

No mês passado, a associação de empresários lançou uma feirinha de alimentos orgânicos ao ar livre e está atraindo mais "food trucks", vans de lanches rápidos. Um festival de música e uma corrida de bicicletas --o Tour de Tysons-- foram organizados.

Como a vontade de parecer sustentável não inibe excessos, um parque "instantâneo" foi criado. O asfalto foi pintado de verde, e árvores já crescidas foram transplantadas para lá, junto com gramado artificial e bancos com encosto --a poucos minutos a pé de onde os Rolls Royces e as Maseratis parecem símbolos de uma outra era.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Políticas climáticas podem aumentar PIB em trilhões

Fonte: EXAME.com 

Por Vanessa Barbosa


Para atingir prosperidade e acabar com a pobreza, é preciso crescimento, trabalho, competitividade e oportunidades. Mas em tempos de aquecimento global, o crescimento tem que ser baseado em baixa emissão de carbono e em sociedades mais resilientes. O desafio é tornar o discurso atraente para governos e empresas que ainda julgam políticas climáticas um empecilho ao crescimento. Não precisa ser assim. 

Novo estudo divulgado pelo Banco Mundial e pela ClimateWorks Foundation mostra que o investimento em eficiência energética, gestão de resíduos e melhoria do transporte público pode aumentar a produção econômica global entre US$1,8 trilhão e US$ 2,6 trilhões por ano. E também salvar vidas, reduzir a perda de cultivos e enfrentar a mudança climática. 

O relatório mostra os ganhos potenciais econômicos, para a saúde e outros ganhos decorrentes da ampliação de políticas climáticas inteligentes, bem como projetos já em andamento em países em desenvolvimento como o Brasil, Índia e México. 

Mas que ações podem assegurar o crescimento, aumentar o emprego e a competitividade, salvar vidas, e abrandar o ritmo das mudanças climáticas? O relatório descreve um caminho promissor e trilhável. 



BRASIL 

Se o Brasil enviar todos os resíduos sólidos a aterros sanitários e produzir eletricidade a partir do gás metano, poderá criar 44 mil novos empregos e aumentar o PIB nacional em mais de US$ 13,3 bilhões.





ÍNDIA 

Se a Índia construir mil quilômetros de novas linhas de trânsito rápido de ônibus poderá salvar 27 mil vidas em virtude da redução de acidentes e poluição do ar e criar 128 mil empregos. 






MÉXICO 

Se o México equipar 90% de suas criações de suínos e laticínios com sistemas de biogás e energia solar poderá reduzir o uso de energia no setor em 11%, criar 1.400 empregos e aumentar o PIB nacional em US$ 1,1 bilhão. 




CHINA 

Se a China distribuir 70 milhões de fogões limpos e adequados, poderá evitar cerca de mais de um milhão de mortes prematuras, colher quase US$ 11 bilhões em benefícios econômicos e criar 22 mil empregos. 




Ao mesmo tempo, em conjunto, as políticas podem evitar aproximadamente 94 mil mortes prematuras decorrentes de doenças relacionadas com a poluição em 2030, bem como prevenir emissões de gases de efeito estufa em praticamente o equivalente a tirar das ruas dois bilhões de carros. 

De quebra, se plenamente implementado, o conjunto de ações de políticas normativas, tributárias e projetos de mitigação climática poderia ajudar a limitar o aquecimento global a 2º centígrados.

domingo, 22 de junho de 2014

Coca-Cola promove ação de marketing verde com garrafas vazias

Fonte: Exame.com

Marca anuncia uma solução curiosa para a reciclagem de garrafas PET


Coca Cola dá segunda vida à embalagens
Coca Cola dá segunda vida à embalagens: tampas foram distribuídas gratuitamente
  
São Paulo - A Coca-Cola lançou um projeto que não é exatamente a reciclagem que estamos acostumados a imaginar quando o assunto são as garrafas PET.

A ideia deu um toque de design ao reaproveitamento de embalagens de refrigerante. A campanha "2nd Lives", ou "Segundas vidas", em tradução livre para o português, criou um kit com 16 tampas diferentes das tradicionais para dar novas utilidades às garrafas.

Borrifadores de água, apontadores de lápis, pincéis, assopradores de bola de sabão, lanternas, embalagem de xampu, potes de molho e brinquedos estão entre os exemplos de novas encarnações da Coca-Cola. 


Coca Cola dá segunda vida à embalagens
Divulgação/Coca-Cola
A campanha foi feita em parceria com a Ogilvy & Mather da China, e foi lançada no Vietnã, onde 40 mil tampas serão distribuídas gratuitamente à população. Segundo a empresa, inda este ano, o projeto será levado também para a Tailândia, a Indonésia e outros países da Ásia. 

Ficou curioso? Agora é aguardar a ampliação da ideia para outros países. Assista ao vídeo da campanha:


terça-feira, 17 de junho de 2014

Jogando verde: Consultorias ensinam a ser sustentável

Fonte: O Globo

Empresas fazem uma ponte entre quem constrói e certificadores


Foto: Divulgação


RIO - Leed, Breeam, Aqua-HQE, DGNB. Parece uma sopa de letrinhas, mas um número cada vez maior de empreendimentos, em especial os comerciais, procuram profissionais que os ajudem a conquistá-las. Afinal, as siglas são, na verdade, importantes certificações que garantem a sustentabilidade de uma construção.

E por trás delas estão as consultorias. Não há uma obrigação de contratá-las para conseguir os selos, mas o fato é que elas facilitam, e muito, a vida de quem quer ser sustentável, já que conhecem melhor do que ninguém as exigências de cada certificação, os melhores materiais, as práticas corretas.

— É que cada selo tem suas especificidades. O Leed, por exemplo, tem 69 recomendações, nem todas são obrigatórias, cabe ao construtor definir o que vai querer dentro da meta que quer alcançar, e o Aqua tem quatro categorias e outros tantos itens dentro de cada uma — explica Marcos Casado, diretor técnico da Sustentech, uma dessas consultorias, que trabalha ainda com o selo inglês Breeam e o alemão DGNB, recém-chegado ao mercado brasileiro.

A consultoria é iniciada, na verdade, pelo diagnóstico e avaliação das condições da construção ou área urbana em que será inserida. A partir daí, serão apresentadas soluções viáveis, sempre de acordo com o orçamento e prazo determinados pelo cliente.

Um erro muito comum, aliás, é procurar a consultoria após ter o projeto de arquitetura já pronto. O ideal é que consultores, arquitetos e engenheiros trabalhem juntos desde o primeiro momento para avaliar a viabilidade do projeto, traçar metas de sustentabilidade e, assim, definir o projeto, os materiais a serem usados e até o mesmo funcionamento do canteiro de obras. Afinal, os selos avaliam também a gestão da obra e de seus resíduos.

No geral, diz a arquiteta Rosana Corrêa, sócia da Casa do Futuro, outra consultoria atuante no país, o mercado não considera isso. Faz o projeto que quer e depois contrata a consultoria:

— Aí, é necessário fazer uma série de adaptações que incluem, muitas vezes, usar materiais mais caros para atingir as mesmas metas. Por isso, as pessoas acham que ser sustentável encarece a obra. O que não necessariamente é verdade, se a obra é pensada sob o aspecto da sustentabilidade desde o início.

RETORNO MENSAL ENTRE 8% E 9%


Nesses casos, as obras podem ficar entre 3% a 7% mais caras que obras no mesmo padrão sem os itens sustentáveis, o que já inclui o valor cobrado pelas consultorias que costuma girar em torno de 0,5% a 1% do total da obra.

— Pode parecer muito, mas isso se paga muito rapidamente. A redução do custo operacional de uma construção sustentável gira em torno de 8% a 9% ao mês — destaca Casado.

Ainda há os custos das taxas cobradas pelas entidades certificadoras, que variam de acordo com o selo. O franco-brasileiro Aqua-HQE, por exemplo, pode custar de R$ 20 mil a R$ 300 mil, de acordo com o tamanho da obra. Já o americano Leed começa em US$ 3.900 (R$ 8.700) para obras de até 4.500 metros quadrados e chega a US$ 25.900 (R$ 57.750) para construções acima de 45 mil m², como os estádios da Copa.

Mas, nem só de selos e obras novas vive a sustentabilidade. As consultorias atuam tanto no retrofit de prédios antigos quanto em obras que não visam a uma certificação, mas buscam a redução de impactos econômicos e ambientais. E é bom que seja assim, afinal os prédios existentes são cerca de 90% das edificações das cidades, e a maioria foi construída quando ainda não se pensava na questão da sustentabilidade.

— Adaptá-los, para se tornarem construções sustentáveis, de uma só vez ou num processo de melhoria contínua e planejada, é uma solução tanto viável quanto necessária — enfatiza a arquiteta Viviane Cunha, da Viviane Cunha Associados, que oferece consultoria para quem pretende conquistar a certificação inglesa do selo Breeam.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Chamada de casos Inovação em Desenvolvimento Local

Fonte: Revista Página 22

O Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces) convida organizações – da sociedade civil, do poder público, da academia e do setor privado – a compartilharem experiências inovadoras de desenvolvimento local no contexto da atuação de grandes empresas e/ou suas cadeias de valor.

O GVces busca iniciativas que promovam novas formas de relacionamento nos territórios, que estimulem o diálogo e a participação efetiva e informada dos diferentes atores, que considerem as características e vocações locais e que enfrentem os desafios das dinâmicas trazidas pela presença de empresas em um território.

Após a seleção de experiências, promoveremos o encontro entre as organizações e o grupo de empresas que participam da iniciativa “Inovação em Desenvolvimento Local”, com o objetivo de inspirar novas práticas de atuação empresarial. Os casos selecionados serão registrados em uma publicação.

Veja o regulamento da chamada aqui. Para submeter o caso de sua organização, por favor, preencha o “Questionário sobre Caso de Inovação em Desenvolvimento Local” e envie por e-mail com o título “Caso de Inovação em Desenvolvimento Local” para manuela.santos@fgv.br até o dia 22 de Junho de 2014.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A Copa mais quente de todos os tempos

Fonte: Época - Blog Verde

O gráfico mostra a evolução de temperatura desde 1950 até 2009 no Brasil, em graus Farenheit (Foto: Reprodução)

Essa é a Copa mais quente de todos os tempos. Não está se falando dos protestos nem da tensão nas torcidas, mas dos termômetros mesmo.

O site Clima Central levantou dados do Instituto de Pesquisas pelo Clima e Pela Sociedade, nos Estados Unidos. Eles mostram como as temperaturas subiram em média 1,4 grau Farenheit desde 1950, quando o Brasil recebeu outra Copa do Mundo. É o equivalente a 0,7 grau Celsius.

O gráfico acima mostra a variação das médias de temperatura anuais entre 1950 e 2009.

Se o Brasil vier a hospedar uma nova Copa em 2050, o torneiro ocorrerá em um clima ainda mais quente. Segundo previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, as temperaturas médias no país podem subir mais de 5 graus Farenheit. O equivalente a um aumento de 2,7 graus Celsius. Seria como se todo mundo tivesse sido escalado para jogar em Manaus.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Inscrições para Prêmio Época Empresa Verde estão abertas


Por Suzane G. Frutoso

Prêmio ÉPOCA Empresa Verde (Foto: reprodução)

Reconhecer as empresas com as melhores práticas ambientais do país. Pelo sétimo ano consecutivo, será esse o objetivo do Prêmio Época Empresa Verde, parceria entre ÉPOCA e a consultoria PricewaterhouseCoopers (PWC). No Blog do Planeta, os interessados encontram o regulamento, os resultados das edições anteriores, as histórias das companhias já premiadas, além de reportagens sobre sustentabilidade e meio ambiente.

A iniciativa vai destacar 20 empresas a partir de uma pesquisa que contempla diversos temas relevantes: eficiência energética, uso consciente da água, destinação do lixo, transporte, incorporação de critérios ambientais no desenvolvimento de produtos e serviços, impacto dos negócios na biodiversidade e adoção de metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. O prêmio também leva em conta as metas da empresa e os resultados de suas ações.

No ano passado, 149 corporações entraram na disputa – um recorde. A novidade de 2013 foi o Destaque Inovação Verde, que premiou iniciativas criativas e se tornaram referência para outras empresas. Para 2014, também será premiada a companhia com o melhor relato integrado, um dos atuais desafios corporativos. É a incorporação dos indicadores de sustentabilidade à conta do relatório anual.

As companhias que se inscreverem responderão questionários com perguntas específicas para cada setor de atuação: indústria, serviços e finanças. Quem quiser participar deve enviar um e-mail para premio.epoca.empresa.verde@gmail.com, solicitando o arquivo com os questionários. A premiação será dia 22 de setembro.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Disque Denúncia cria canal para combater crimes ambientais


Por Douglas Corrêa / Edição: Denise Griesinger

Como parte das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, o Disque Denúncia, criou o Programa Linha Verde - uma parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente, que busca contribuir com o desenvolvimento socioambiental atuando também nas áreas de educação e conscientização ambiental e preservação do meio ambiente.

Nos últimos anos, o Disque Denúncia passou a identificar que há um grande contingente de denúncias recebidas de crimes ambientais, especialmente contra à fauna e flora, bem como ameaças às áreas de Preservação Permanente e às unidades de Conservação. Os crimes ambientais são motivados por três fatores: certeza da impunidade; falta de informação e ausência de controle social da população.

O programa disponibiliza o número 0300 253-1177 para que a população de todo estado do Rio de Janeiro e de outros estados possam denunciar os crimes ambientais através de uma ligação com custo local.

De acordo com a coordenadora do Disque Denúncia, Adriana Nunes, "o Linha Verde veio para dar visibilidade aos temas ambientais, sendo um canal de atendimento especializado para recebimento de informações que possam contribuir com as autoridades no combate aos crimes relacionados ao meio ambiente". A coordenadora ressaltou ainda que o 0300 garante anonimato ao denunciante e contribui para a redução dos crimes ambientais."

A secretaria contabiliza que, em cinco anos, o Disque Denúncia recebeu cerca de 36 mil ligações relativas a crimes cometidos contra o meio ambiente. Os municípios do Rio de Janeiro (21.573), Duque de Caxias (2.198) e São Gonçalo (2.099) lideram o ranking de denúncias.

São recebidas aproximadamente 7,2 mil denúncias ambientais por ano e cerca de 20 ligações por dia. Somente no ano de 2013 foram registradas 7.543 denúncias sobre meio ambiente, mais da metade relativo a maus tratos de animais, seguido de desmatamento e comércio de animais silvestres. Os resultados obtidos através das denúncias já superam os registrados em 2012. Foram apreendidos 653 pássaros, além de cobras, tartarugas, jabutis, lagartos e micos. Animais exóticos como serpentes raras e insetos, assim como espécies originárias de outros países também.

domingo, 1 de junho de 2014

Banco Mundial: esquemas de carbono já cobrem 12% das emissões globais


Levantamento indica que existem atualmente 39 mecanismos nacionais e 23 subnacionais de precificação de carbono, e que a tendência é a multiplicação dessas iniciativas



Indústrias de quase 40 países já são obrigadas a pagar pelo menos por parte das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) que liberam para a atmosfera, o que significa que cerca de seis gigatoneladas de dióxido de carbono (GtCO2e), ou 12% do total mundial, estão sob algum tipo de mecanismo de precificação de carbono, é o que revela o relatório “Estado e Tendências da Precificação do Carbono 2014”, divulgado na última quarta-feira (28/05), na Alemanha, durante a 11ª Carbon Expo, a maior feira mundial sobre mercados de carbono.

Produzido pelo Banco Mundial, o documento mostra que existem 39 esquemas nacionais e 23 subnacionais de precificação de carbono em funcionamento no mundo, que juntos estão avaliados em US$ 30 bilhões.

A entidade salienta que o número de esquemas está crescendo de forma acelerada, sendo que, apenas em 2013, mais oito foram lançados. A taxação de carbono também estaria ficando mais comum, com o México e a França adotando essa estratégia nos últimos meses.

“Está claro que as políticas de precificação do carbono estão aqui para ficar – a multiplicação no uso dessas políticas por todo o mundo é fenomenal. A diversidade dos esquemas ajudará a contribuir para que autoridades conheçam mais rapidamente o que funciona e o que não funciona, o que facilitará o combate às mudanças climáticas”, afirmou Alyssa Gilbert, chefe de mecanismos de mercado da consultoria Ecofys e uma das autoras do levantamento.

O relatório destaca a mudança de postura na China e nos Estados Unidos, que estariam finalmente adotando a precificação de carbono.

Os chineses já possuem sete mercados de carbono locais: Tianjin, Pequim, Xangai, Shenzhen, Guangdong, Hubei e Chongqing. Somados, esses esquemas cobrem o equivalente a 1,1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente, constituindo o segundo maior mercado mundial, ficando atrás apenas do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS).

Nos Estados Unidos, o destaque é o mercado californiano, que entrou em operação em janeiro de 2013. No seu sétimo leilão, realizado na última semana, o esquema já movimentou quase US$ 240 milhões. 

“Apesar de o progresso nacional na China e nos EUA ainda poder levar algum tempo, é significativo que os dois maiores emissores mundiais agora tenham instrumentos de precificação de carbono”, disse Alexandre Kossoy, especialista financeiro do Banco Mundial e um dos autores do relatório.

Por sua vez, o Brasil aparece no relatório sem ter muito o que mostrar. “Nenhum progresso notável foi alcançado no último ano”, salienta o documento.

Porém, o Banco Mundial destaca a iniciativa do Sistema de Comércio de Emissões da Plataforma Empresas Pelo Clima, uma plataforma para simulação de um mercado de carbono criada pelo GVces em parceria com a BVRio.

Pela plataforma, 194 empresas, que emitem um total de 22 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, poderão negociar créditos de carbono de forma simulada. O primeiro leilão aconteceu em março e vendeu créditos a R$ 25.

Carbon Expo


O “Estado e Tendências da Precificação do Carbono 2014” foi um dos destaques da abertura da Carbon Expo, que começou na última quarta-feira (28/05), em Colônia, na Alemanha. O evento reúne representantes do setor privado e autoridades públicas para discutir os melhores caminhos para a adoção de mecanismos de mercado que tenham como objetivo reduzir as emissões de GEEs.

Nesse primeiro momento, o assunto mais mencionado foi a necessidade de um preço global para o carbono. 

Segundo líderes industriais, as disparidades entre as iniciativas de precificação do carbono de um país para outro afetam a competitividade das nações, e isso é um dos principais obstáculos para a criação de novos mercados.

Por exemplo, foi salientado que a taxa de carbono no México é o equivalente a US$ 1 a tonelada, enquanto na Suécia é de US$ 168 a tonelada. Para piorar, muitos países nem possuem taxas ou mercados de carbono, o que faz com que suas indústrias tenham vantagem no comércio internacional. 

“Será essencial para que façamos a transição para uma economia de baixo carbono que as empresas ao redor do mundo estejam sob regras equilibradas. O melhor instrumento que podemos criar para evitar a crise climática é um mercado global de comércio de emissões”, afirmou Holger Losch, diretor da Associação Industrial da Alemanha (BDI).

Um mercado global também foi defendido por Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

“O movimento em direção a uma economia de baixo carbono está aumentando. Para acelerá-lo, devemos ter um preço estável e significativo para as emissões. Quando custa mais para emitir, as opções limpas são privilegiadas. Ferramentas de mercado são essenciais nesse sentido. Até 2020, o custo das emissões simplesmente deve fazer parte das contas empresariais em todo o mundo”, concluiu Figueres.