Fonte: Valor Econômico
RIO DE JANEIRO - A Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE) quer estimular a pró-atividade dos bancos de fomento na busca e seleção de projetos que tenham um “lado ambiental”.
Para isso, a associação vai criar um banco de dados, o Info ABDE, que reunirá as informações de desembolsos de seus 30 associados para projetos que tenham “cunho sustentável”, afirmou ao Valor o superintendente executivo da ABDE, Marco Antonio de Araujo Lima. Os associados da ABDE respondem por aproximadamente 50,3% de todo crédito brasileiro.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior associado da ABDE, desembolsou R$ 20 bilhões, somente no ano passado, para projetos que incluíam alguma questão sustentável. O número é 60% maior do observado em 2008, e tem tendência de crescimento, tanto por parte do BNDES, quanto por outras instituições financeiras e bancos de fomento estatais, afirma o gerente de meio ambiente do BNDES, Guilherme Guimarães Martins.
Seminário
O assunto foi debatido por agências de fomento e bancos de desenvolvimento de todo país e da América Latina, na terça-feira, 27, na sede do BNDES, no Rio, durante o seminário A promoção do financiamento verde na América Latina e no Caribe. O evento discutiu a ampliação na oferta de crédito para projetos que tenham viés sustentável.
O gerente do banco de fomento vê tendência clara de aumento nas exigências ambientais para novos projetos, e considera o seminário importante para a troca de experiências.
“É importante que a indústria nacional esteja preparada para competir neste novo cenário, tanto em função da transição da economia mundial para uma economia de baixo carbono, como pela incorporação do critério ambiental como fator de compra do consumidor”, diz Martins.
Segundo ele, faz parte da agenda do banco ter estratégias que apoiem e direcionem projetos não apenas da área de meio ambiente, mas de qualquer projeto que tenha alguma parte ligada à sustentabilidade. Ele cita como exemplo a linha Social, que tem custo mais baixo do banco, constituída só pela TJLP (5% ao ano). Martins explica que Se uma empresa, dentro de um projeto maior, for fazer também investimento social, o custo é mais baixo.
Projetos em andamento
O executivo menciona dois exemplos que estão dando certo. O primeiro, programa Finep de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (Paiss), em parceria com a Financiadora de Projetos e Estudos (Finep), tem três linhas importantes, dentre elas um projeto de biocombustíveis.
A carteira do programa, hoje, tem 39 projetos em inovação, 16 específicos para desenvolver o etanol de segunda geração. “A perspectiva é que sejam produzidos 168 milhões de litros do combustível em 2015”, afirma o gerente do BNDES.
O segundo programa, Fundo Clima, foi criado pelo ministério do Meio Ambiente (MMA) e o BNDES é o agente de financiamento reembolsável. O fundo tem R$ 560 milhões que vieram dos royalties do petróleo e seleciona tecnologias nos setores que tem componente maior de inovação.
(Elisa Soares | Valor)
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