> Comunicação Organizacional Verde: Coca-Cola se compromete a não comprar açúcar de grileiros

domingo, 8 de dezembro de 2013

Coca-Cola se compromete a não comprar açúcar de grileiros


Por Bruno Calixto

Tratores em uma plantação de cana de açúcar ocupam terras indígenas dos Guarani-Kaiowá, em Mato Grosso do Sul. (Foto: Tatiana Cardeal / Oxfam)
Tratores em uma plantação de cana-de-açúcar ocupam terras indígenas dos Guarani-Kaiowá, em Mato Grosso do Sul. (Foto: Tatiana Cardeal / Oxfam)
  
A Coca-Cola, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, anunciou uma nova política para seus fornecedores para evitar que o açúcar utilizado em seus produtos seja produzido em fazendas de cana em situação de conflito. "A Coca-Cola acredita que a grilagem de terras é inaceitável. Estamos implementando uma abordagem de tolerância zero à grilagem em toda a nossa cadeia de fornecimento", diz a empresa.

A decisão é uma resposta a uma campanha iniciada no mês passado pela Oxfam, uma rede de organizações que atuam em áreas como a erradicação da pobreza. A campanha pressiona as dez maiores empresas do mundo do setor de alimentos a rever suas políticas para fornecedores, para que elas não comprem produtos de fazendas irregulares ou que enfrentam denúncias de violação de direitos humanos.

"Nós analisamos as políticas dessas companhias em relação a seus fornecedores, e detectamos que conflitos de terras são totalmente desconhecidos pela maioria das empresas", diz Gabrielle Watson, coordenadora de campanha da Oxfam. Segundo ela, grandes companhias de alimentos estão comprando açúcar produzido em fazendas onde ocorrem conflitos com povos indígenas ou comunidades locais.

Gabrielle cita dois casos recentes no Brasil. Em Mato Grosso do Sul, uma das fornecedoras da Coca-Cola estava produzido em uma terra indígena reconhecida - mas ainda não demarcada - do povo Guarani-Kaiowá. Esse povo vive uma verdadeira tragédia por conta da dificuldade em conseguir a demarcação de suas terras. O outro caso é em Pernambuco, onde uma das fornecedoras está em conflito com pescadores tradicionais. A Oxfam acredita que, se as grandes empresas do setor pressionarem seus fornecedores, elas podem conseguir resultados positivos para a resolução de conflitos no campo ou problemas ambientais. "Nós esperamos que a intervenção da Coca-Cola possa levar a respostas positivas por parte das usinas de cana-de-açúcar".

Com a nova política, os fornecedores deverão resolver todos os possíveis conflitos antes de assinar novos contratos. A Coca-Cola também se comprometeu com a transparência, divulgando seus principais fornecedores de açúcar, e disse que vai conduzir estudos sobre as questões sociais e ambientais em áreas de cana em sete países: Brasil, Colômbia, Guatemala, Índia, Filipinas, Tailândia e África do Sul.

De acordo com a Oxfam, a Coca-Cola foi a única, das dez empresas questionadas pela compra de açúcar, a se posicionar. "Com essa decisão, a Coca-Cola se torna líder nessa questão e as suas concorrentes terão que correr atrás", diz Gabrielle. Segundo ela, é esperado que outras empresas também apresentem propostas similares em um futuro próximo.

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